quarta-feira, 18 de maio de 2011

What's Next on Neo Revenant: Quarta seção de Jogo


Na seção anterior nossos Shadowrunners sobreviveram a gravação de um comercial, escaparam da verborragia kafkaniana de um agente da lei, e diante da experiência sempre marcante de proximidade da morte descobriram novos sentidos para a vida... Na próxima seção os aguarda o encontro com uma das mais temidas “classes” da fauna urbana: um “Cyber-Urubu” , a oportunidade de suas vidas estará diante de seus olhos: Abandonar o oficio de Shadowrunners e entrarem para o mundo corporativo... Conseguirão eles manterem seu foco e cumprirem o contrato antes do fim do mundo... ou melhor, do fim de seus créditos (O fim de seu acesso ao mundo)!!!!

Tigres cybernéticos, abutres que devoram metal, pássaros cantando gingles, chicletes que dão sensação de sexo oral, casacos de pele de mamíferos telurianos, pajés fazendo curas milagrosas e muitas outras emoções aguardam a trupe de uma cobaia humana que adora carros, um mascarado com transtorno narrativo, e um sujeito que parece um personagem de RPG feito as pressas cujo sonho é ir à lua! Tudo ao som de “Em Um Ziragute com Você”




CENA INTERMEDIÁRIA – USANDO O BLOG COMO ESPAÇO NARRATIVO

A lua com a cor de rótulo da Coca-Cola dava um tom rubro a noite, ao seu lado brilhavam pedaços das constelações privatizadas, duas estrelas da Fuji-General-Motors e cinco da Orange-Software, muito abaixo das leis simples da mecânica celeste uma caixa retangular autômata atrapalhava a marcha dos transeuntes, perseguia ratos florescentes, alguns deles com protuberâncias cancrosas que tomavam a forma de celebres logotipos, doenças engenhadas para anunciar produtos, “spams” biológicos, no caríssimo devir do trafego motocicletas céleres dominavam os polímeros acinzentados, tiravam a inspiração para suas formas de kanjis, de modo que já não se lia mais um texto em japonês sem que viesse a cabeça um catálogo de motocicletas. No meio da floresta de neon a ovelha disforme emitia seu balir elétrico, e a frente do clube de shadowrunners sangue artificial agora coloria a rua com a cor antiga do céu, um azul claro levemente brilhante, que brotava do corpo do homem esfaqueado por um dos shadowrruners...

Indo em direção ao sinal da ovelha disforme e suas lãs elétricas estava um pequeno grupo em trajes pseudo-barroco, rostos cobertos por máscaras venezianas onde brotavam hologramas com florais estampando fauna fictícia extinta, ao verem o sangue artificial dando a rua um leve aspecto “Juan Miró”, eles partiram... Eram contratantes, e naquele dia pagamentos seriam adiados, contratos deixariam de ser fechados dentro do “Eletric Sheep”.

O barman articulou seu braço mais poderoso, não a sucata cybernética que tem implantada no lado esquerdo, e sim o braço com músculos naturais cultivados “in loco”, e de baixo do balcão trouxe um estranho objeto, um tijolo de metal negro, pesadíssimo, depois apanhou outro tijolo idêntico, e os colocou sobre a superfície de textura simulada, o não-mármore da mesa.

Um calafrio correu pela espinha de todos os shadowrunners que habitavam o Eletric Sheep naquela hora, no meio dos retângulos estavam escavadas as formas pitorescas de suas taças, aquilo eram fôrmas... Depois ele apanhou uma garrafa com um navio majestoso no rótulo e disse: “Tenho uma garrafa de ‘Galeão Naufragado’ aqui, pena que não temos copos para bebê-lo!”. Naquele rótulo uma tempestade laudrequiana contrastava com a serenidade do líquido dentro da garrafa, um defeito, o barmam deu alguns trancos na garrafa e logo o liquido começou a agitar-se sozinho, integrando-se a tempestade do rótulo – em 1811 um galeão foi encontrado no fundo do mar e dentro dele algumas caixas de vinho foram conservadas intactas, diz-se ser o presente de um monarca europeu a um tal Napoleão, seu sabor foi então sintetizado e essa tragédia de tempos idos foi transformada em um produto e produzido em série, nascia o”Galeão Naufragado”. Tal vinho é muito mais do que a bebida das elites, ele é a bebida que o senso comum pensa ser das elites, o que a torna um símbolo de status.

Five B. estava ali, o cowboy manejando um Colt Walker 1874, suas roupas de falso couro artificialmente envelhecido, cheias de poeira ornamental e caríssimas manchas decorativas, com seus 23 anos e rosto aparentando mais de 50: calvície, rugas, cabelos que caem quase brancos das têmporas. Sua voz é modificada, idêntica a de um antiqüíssimo personagem de videogame com a adição de um sotaque sulista que comprou em uma liquidação; suas roupas onerosamente exalam o cheiro acre e rústico dos campos, mesmo seu hálito é modificado para ter voluntariamente o aroma azedo do uísque. Ele despreza armamentos modernos e é um amante de tecnologias antigas, orgulha-se da maneira com a qual maneja seu velho revolver sem jamais ponderar que o faz com um braço artificial de 120.000 neo ienes, suas contradições jamais o incomodaram ou foram sequer percebidas. No inicio Five B. era a abreviação de “cinco balas”, maneira metafórica com a qual fazia seu marketing pessoal junto a negociantes, dizendo-lhes que era capaz de cumprir qualquer que fosse o contrato com apenas “cinco balas”, a capacidade do estomago de seu Colt Walker, a partir de certo ponto incógnito tal bravata tornou-se uma obsessão, literalmente, e passou a empenhar-se em usar somente cinco tiros para cumprir suas missões, a ponto de aquilo que antes fora uma bravata tornar-se seu nome: “Five B.” – Pouco importa, ele possui um arsenal de tantas outras bravatas bem maior que a capacidade de seu revolver obsoleto e letal: “Tudo o que tem carne me teme!”, “Não importa a quantidade de implantes, se houver um milímetro de carne, eu acerto!”.

É difícil representar o que o barman representa para Five B., para ele o proprietário do Eletric Sheep era como o narrador de um antigo Role playing game, RPG de mesa, o cara que indicava os contratos, logo era através dele que Five B. podia manter a aparência e identidade que tanto gostava, contanto que o barman continuasse lhe indicando contratos que pudesse cumprir com sua aparência e identidade de cowboy, geralmente missões diretas de assassinato. Essa estranha relação de poder ou talvez mesmo manipulação não importavam ao cowboy, o importa somente manter-se como é, e por isso ele inibiu a ação dos outros shadowrunners ali presentes, o fez com uma escarrada fedorenta de 40 créditos Biotech no chão, o cuspe escorreu num ideograma nojento de significado legível a todos: “Eles são meus, não se metam!”.

Dentro de três horas no máximo Five B. planejava estar de volta ao Eletric Sheep, saboreando Galeão Naufragado em uma nova taça de ossos futuristas...


EQUIPAMENTOS


Olho “Cutout” – Este aparato permite ao usuário enxergar em diversos tons e contrastes de preto e branco tendo somente um elemento selecionado em cores, fazendo o efeito de “cutout” do filme sin-city. Funciona com a energia biomecânica do corpo, não tendo qualquer custo de ativação.

Relógio Difusor de Luz – O difusor de Luz garante a seu usuário a invisibilidade, o fato de ser um dispositivo externo permite que seja usado por qualquer portador, facilitando sua comercialização bem como prevenindo o usuário de uma “falha” no dispositivo caso fosse implantado no corpo, no entanto suas baterias externas consomem mais energia. O custo de ativação é de dois créditos, durando seu efeito até o fim da cena.


Kit Médico Completo versão 1.0 – Este kit vem com fármacos poderosos que aceleram a regeneração, uma luva metálica mecânica interligada por fios a uma central computadorizada no interior da valise. A luva tem em si dezenas de instrumentos médicos cibernéticos e permite que o usuário realize intervenções cirúrgicas mesmo que ele não tenha a capacidade física: coordenação motora necessária para realizar o procedimento, o que a torna um equipamento relativamente mais caro. Esta versão ainda prescinde que o usuário tenha o conhecimento necessário para realizar os procedimentos cirúrgicos pois não é automata. Esse equipamento é comum entre os médicos de rua. Cada Kit vem com a capacidade de curar vinte níveis de vitalidade, sendo o custo para “recarregar” os níveis de vitalidade que ele pode curar de 1 crédito.

Green Horse – O Green Horse é uma droga vendida em comprimidos hexagonais e feita com a concentração altíssima do principio ativo do famoso refrigerante de mesmo nome, sendo exatamente por isso considerada ilegal, ela é a fórmula secreta extraída deste antigo energético que tornou-se um refri. Em níveis mecânicos depois de ingerido ele substitui a força de vontade, ingerir ou usar mais “Green Horse” que o nível que o organismo suporta pode trazer diversas complicações já exaustivamente enunciadas nos telejornais corporativos.

Nano Scanner de Código de Barras – Trata-se de uma rede de nano máquinas subcutaneamente fixadas na mão do individuo, elas são capazes de disparar uma descarga eletromagnética de baixa freqüência que obtém os códigos comerciais dos produtos instalados em um corpo humano, posteriormente o usuário pode consultar os códigos em um banco de dados obtendo assim a lista de modificações de um individuo. O mecanismo se mantém funcional com a energia corporal, mas sua ativação custa um crédito por “scan” realizado, em termos práticos permite que se saiba os equipamentos que o “alvo” carrega consigo e até que se determine parcialmente o “nível de personagem” do alvo.

Faca de Combate Seal Chuck Travis – Esta faca de combate é produzida pela Darpa Corp, antiga fabricante de armas militares do exército americano, seu nome licenciado vem de um personagem de filmes de ação, já tendo sido esta faca a co-estrela de três longas metragens. A forma de sua lâmina lhe garante a dinâmica perfeita para causar hemorragias internas uma vez que perfura o alvo. A Darpa pesquisa constantemente formas de melhorar sua linha de facas de combate, em média de dois em dois anos é lançado um aprimoramento na linha Seal, alguns críticos insistem que tais mudanças são puramente de cunho estético... Este equipamento torna-se efetivo em golpes de estocada, onde garante ao usuário cinco dados extras de dano, além do poder de incapacitar o adversário, sem tratamento médico imediato, o dano inicial dobra a cada quinze minutos, causando a morte do alvo em no máximo 45 minutos.

Olho Triangulador de Projéteis – Dispositivo formado por um sistema de realidade aumentada e um nano processador quântico, conectados aos olhos e cérebro do usuário, ele realiza o cálculo da trajetória de projeteis e apresenta os resultados graficamente no campo visual do usuário, lhe dando na forma de uma linha vermelha a exata trajetória de um projétil segundos antes do disparo ser efetuado. Este mecanismo permite ao personagem que se esquive de balas tal qual se esquive de socos, sem precisar buscar cobertura ele cinematograficamente pode evitar disparos de arma de fogo, seu custo por ativação é de um crédito.

(Listando os equipamentos criados fiz uma constatação, eu poderia ter antes do jogo ter dado todas as listas de equipamentos/cyberware que consta em Gurps cyberpunk, cyberpunk 2020 e seus suplementos, no entanto não o fiz, e nenhum dos equipamentos/poderes criados pelos jogadores constam nesses jogos, se eu tivesse feito um “pdf” ou imprimido as listas de equipamentos destes jogos, provavelmente durante a criação do personagem teriam escolhido suas modificações entre as tantas já disponíveis, ou seja, a ação saiu de acordo com a intenção aqui.)