Los Angeles à Noite
Utilizo o termo 'à Noite' por mera conveniência, muito embora as lutas Despertas se deem tanto à noite quanto durante o dia. A qualquer momento em que os Operativos encontram uma facção de transgressores, ou em qualquer oportunidade que os magos têm de aplicar um golpe à Tecnocracia, se dá um confronto, com baixas e fugas.
A cidade de Los Angeles é uma fortaleza Tecnocrata, um exemplo bem sucedido da capacidade de condicionamento que a União é capaz de aplica sobre as massas. Seja a experiência de Disneyland, seja a capacidade de manipulação das consciências através do monopólio da ZooTV, seja pela indústria cinematográfica, seja pela tecnologia de ponta desenvolvida no Vale do Silício, tudo parece ter dado muito certo em Los Angeles. Resistir é inútil e a vigilânsia se assegura de conter focos isolados de transgressores da realidade.
Por outro lado, quando a mão que oprime aperta forte demais, sempre surgem vozes renegadas que lutam para se livrar da opressão. Pode se dizer que os guerrilheiros urbanos de Los Angeles estão entre os mais perspicazes. Imiscuídos entre as massas de Adormecidos, sutis o suficiente para não levantar suspeitas, esses magos resistem bravamente, lutam por ideais de promoção da diversidade, para derrubar a hegemonia sufocante que trata as massas como bovinos, alienando-os de todo o prodígio inerente ao Despertar. Escondidos, aplicando golpes rápidos e pontuais, os magos adotaram a postura da guerrilha urbana para combater a União Tecnocrata e, dia após dia, eles têm resistido na empreitada.
Este é o cenário de fundo básico para a crônica: uma Los Angeles na qual todo tipo de transgressão é monitorado e combatido com força extrema, mas onde nunca se consegue saber d eonde virá o próximo golpe. Homens de Preto investigam atividades paranormais, os ciborgues da Iteração X vasculham as ruas mais perigosas em busca de transgressores, os doutores e cientistas dos Progenitores trabalhando em seus laboratórios, são contrapostos por ataques hackers dos Adeptos da Virtualidade, divulgações subterrâneas de culturas místicas por diferentes Tradições, organizações da Ordem de Hermes para sabotar algum plano Tecnocrata, enfim, atitudes combativas, pontuais e rápidas, contrárias ao monolito tecnocrata.
O clima do Mundo das Trevas é preponderante no cenário. O ambiente punk-gótico é sensível por todos os lados, seja no centro decadente da cidade, que mistura a riqueza dos prédios comerciais com a miséria dos mendigos que ocupam os becos imundos; as áreas refinadas dos astros dos filmes e músicas que escondem a perversão e a depravação; as periferias que guardam a violência e a loucura. A maioria das pessoas ocpa cargos mal remunerados e alienantes, empenhadas em se envolver num bolsão de segurança aparente que as isole cada vez mais do caos das ruas.
A televisão ajuda a manter este clima de apreensão e medo ao noticiar quase que vinte e quatro horas por dia as tragédias e atrocidades cometidas pelas pessoas. As crianças crescem assistindo em horários pouco convencionais desenhos produzidos na década de 1940, ainda em preto e branco. Os jornais são pasquins, lançados às dezenas em variedade, leitura para todo tipo de gosto. No rádio, músicas que tentam passar todo tipo de mensagem parecem não sensibilizar os corações das pessoas.
Nas ruas a vida nas gangeus agita a cidade. Não há espaço urbano que não esteja dividido e seja disputado por gangues em guerra. Em meio a isso a polícia usa a política de tolerância zero, capturando e aprisionando toda pessoa suspeita numa tentativa ostensiva de conter a violência massificada.
As igrejas abrigam cada vez menos fiéis verdadeiros, e cada vez mais pessoas desesperadas atrás de significado para suas vidas. As palavras dos sacerdotes já não conseguem penetrar fundo nos corações das pessoas, e cada vez mais eles próprios se corrompem pela perversão pedofílica e a ganância pelo dinheiro dos fiéis, quando não por suas próprias almas.
Mas em meio à desesperança dominante entre a população de Los Angeles uma nova esperança surge. Em meio à violência, banalização, intolerância que existe na cidade, um grupo desconhecido começa a se formar, um grupo de pessoas que não está de acordo com o rumo que as coisas estão tomando, que descobriu que existem coisas não contadas, segredos mantidos, evidências ocultadas por agentes que querem cegar as massas. Esse grupo começa a se organizar e agir de forma subterrânea para resistir às forças ocultas da cidade, tomar a dianteira de suas próprias vidas e lutar.
Essas pessoas, poucas e desconhecidas ainda, são a fagulha de esperança que não morre no coração dos magos, um motivo que os faz querer continuar a lutar para libertar as massas do controle absoluto e alienante da Tecnocracia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário