Nobre e filosofo de Usura, o grande pensador político Nicolei Maquianel em seus escritos várias vezes retratou o amor como uma fraqueza, para ele o amor é uma doença que as esferas governamentais não devem contrair, pois é uma fraqueza que pode levar a queda de um “Príncipe”, sua visão ainda que acusada de cruel encontra respaldo em muitos episódios da história de Theá, vide a revolução que uma célebre cortesã causou em Avalon. Para Nicolei “O Principe pode despertar amor em seus súditos, mas jamais deve retribuir”, e ainda sobre o casamento: “O casamento do Príncipe deve ser questão de política apenas”.
Muito se diz popularmente que os Nobres de Montaigne foram bobões displicentes, apatetados, de fato tal estereótipo criou-se nos países ressentidos das invasões montaigneses, e mesmo em seu próprio país após a grande revolução como uma forma de ridicularizar a nobreza do antigo regime, recentemente pesquisa árdua vem reconstruindo a figura real de l’Emperour e revelando que fora um dos homens mais astutos e inteligentes de seu tempo.
Naquela manhã Jean Paul teve a honraria e distinção de servir vossa majestade nos aposentos reais, ele e mais vinte nobres, conforme registra a real agenda ele teria o privilégio de calçar a bota esquerda no imperador. Enquanto Jean Paul realiza sua imponente função, Lord Françoá alimentava o “rei sol” com bolachas molhadas ao leite, na tijela que Lord Renard segurava, Lord Alan Paul limpeza a boca de vossa majestade com finos lenços de seda mandados por ilustres casas nobiliárquicas de Vendel, Lord Pasteur tinha a glorificante tarefa de recolher a bacia áurea onde vossa majestade havia obrado.
- Jean Paul! Seu pai em carta implorou-me para que eu desse jeito em você, diz-se exaurido de idéias
- Que Voz esplendorosa tem l´Empereur!
Disse um dos nobres, e foi seguido por mais quarenta frases, numa competição onde Ra proferida a mesma sentença trocando apenas o adjetivo para a voz do imperador, cada qual buscando uma forma mais grandiloqüente de adjetivá-la.
- Não Pensei muito no assunto ainda!
Disse o rei sol!
- Qualquer palavra envolta em sua voz é poesia!
- Um colibri calaria para ouvi-lo falar!
- Sua voz é mais bela que o som do cravo!
- Sua voz é mais bela que qualquer música!
- É uma voz mais bela que o mais majestoso palácio!
- Sua voz é mais bela que a mais formosa dama!
- Sua voz é mais bela que a mais formosa dama, nua!
- Sua voz é a síntese de todas as artes!
- Tem o tom imperativo dos rugidos das feras!
- Nações capitulariam com ultimatos proferidos de tal voz!
- Legiões recuariam se tal voz gritasse em batalha!
- O timbre de sua voz tem a marca da verdade, qualquer coisa proferida em sua voz é verdadeira!
- Qualquer sentença proferida em sua voz é justa!
- Sua voz reluz mais do que o ouro!
- Tal voz é a própria majestade, incute-nos do desejo de ajoelharmos!
- Uma tempestade cessaria suas algazarras para escutar tal voz!
- Ouvi-la é mais delicioso que degustar um farto banquete!
- Tal voz embriaga mais que vinho!
- Sua voz é mais bela que o por do sol!
- Sua voz é mais bela que as estrelas!
- Tal voz é o ápice da criação!
Vossa majestade retomou a palavra:
- Talvez eu o mandasse governar uma colônia, ou te faça embaixador em algum país, mas acho que seu pai já teve essas idéias, sim, vou fazê-lo bispo da igreja dos profetas!
- A igreja foi expulsa de Montaigne! Vossa majestade é um gênio de todas as artes, até mesmo da comédia! He! He! He!
Disse um dos conselheiros, numa forma delicada de avisar o imperador que ele mesmo havia expulsado a igreja do país, tomado por piada, o aposento encheu-se com vinte risos exaustivamente ensaiados.
- Ora! Esqueci de meu broche, não sairei sem minha insígnia!
Vossa majestade esqueceu uma de suas jóias, os olhos dos nobres transbordaram de ambição, quem teria a distinção de ir buscá-la. Jean Paul foi o escolhido, alguns guardas e dois valetes o acompanharam por mais de quinhentos metros de palácio até o aposento onde estava a peça, Jean Paul entrou sozinho, era o quarto da rainha, o broche brilhava no travesseiro ao lado de onde ela dormia, as portas fecharam-se atrás dele.
Aquele foi o maior perigo que Jean Paul correu em Montaigne, sua alma gelou-se! A imperatriz tinha a feiúra lendária de sua ascendência franca, a velhice conseguia deixá-la um pouco menos feia, estava ali dormindo sem peruca e maquiagem espalhafatosa, toda aquelas grossas camadas de tintura e apetrechos que tornaram-se moda no país tinham uma de suas funções originais foram amenizar os traços de monstros mitológicos daquela mulher.
A Imperatriz poderia despertar a qualquer momento, se isso acontecesse essa não seria a história de um conquistador que arrebata de amores um coração, jamais, homem nenhum é capaz de despertar amor no coração de vossa majestade, não é ela somente a soberana do país como também a grã-mestra no Estilo Montaignes, não encontra satisfação com menos de cinco homens ao mesmo tempo, sendo seu o recorde nacional de conter doze falos dentro de si!
Caso ela despertasse e resolvesse experimentar Jean Paul, ele certamente a agradaria, o que faz naturalmente mesmo quando tenta não fazê-lo com uma mulher, e ela o tornaria seu servo pela vida inteira. A possibilidade de seu falo tocar e roçar outros falos nas entranhas da imperatriz quase o fez desmaiar. Ele hesitou diante do perigo e saiu do quarto deixando broche para trás.
O imperador vinha caminhando só, no corredor, sabia mesmo lidar com cada um de seus nobres.
- Pare de causar problemas entre meus arquiduques, ou dou-te de presente para a Imperatriz!
Aquele homem era mesmo o único capaz de governar Montaigne.
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